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40 anos de choro moderno

Confira a matéria publicada no dia 28/9 no Correio Braziliense que resgata a história do grupo, diretamente ligada com a história da cultura de Brasília:

LIDERADO POR RECO DO BANDOLIM, CHORO LIVRE FAZ PLANOS PARA 40º ANIVERSÁRIO

Grupo divulga o gênero em dimensão nacional e internacional, e faz planos para celebrar em 2017 quatro décadas de atividade.

Por Irlam Rocha Lima

Henrique Lima Santos Filho é de uma geração de jovens que tinha o rock como uma Bíblia. Fã incondicional de Jimi Hendrix, tocava guitarra em algumas bandas da cidade. A ida a Salvador em 1975, mudou radicalmente o gosto musical daquele adolescente, ao descobrir o chorinho. “Fui assistir a um show de Moraes Moreira — recém-saído de Os Novos Baianos — e Armandinho Macedo, no teatro do Instituto Cultural Brasil-Alemanha. Naquela noite, ouvindo Armandinho tocar músicas de Jacob do Bandolim, me apaixonei definitivamente pelo bandolim e pelo choro”, recorda-se.

Ao voltar a Brasília, Henrique procurou com insistência algum lugar em que pudesse aprender o gênero musical, tido como a gênese da música popular brasileira, mas não teve êxito. Sem desanimar, descobriu na casa do tio Hermenito Dourado, um conhecido advogado baiano, radicado na capital, LPs de Jacob do Bandolim. Tomou para si os bolachões e passou a ouvi-los horas a fio. Pediu emprestado um bandolim ao roqueiro e amigo Nei Rosauro, que curiosamente possuía o instrumento.

“Com os discos e o bandolim nas mãos, tratei de tirar, de ouvido, os choros clássicos de Jacob. Para ter mais tempo, mudei meu horário no colégio para a noite e ficava o dia inteiro tocando”, lembra. “Logo em seguida, fiquei sabendo das rodas de choro nas casas de músicos como Edgardo Cardoso, Bide da Flauta, Celso Cruz e Odette Ernest Dia”, acrescenta.

Num desses encontros, no apartamento de Odette, na 311 Sul, Reco do Bandolim — , como passaria a ser chamado pelos mais próximos — se aproximou do violonista Alencar 7 Cordas, por quem tinha admiração. “Me preparei para esse primeiro contato com o Alencar. Para surpreeendê-lo aprendi a tocar Ingênuo, um dos choro mais difíceis de Pixinguinha. Toquei, ele me acompanhou e ali, naquele momento, surgiu uma simpatia imediata entre nós”.

REGIONAL

Os dois, então, decidiram fazer apresentações juntos em bares das Asa Norte e Asa Sul, interpretando clássicos do choro para pessoas que pouco, ou nada, conheciam desse estilo musical. “Como esses pequenos shows tiveram boa acolhida, pensamos na possibilidade de criarmos um conjunto regional, e aí surgiu o Choro Livre”, relata.

Da primeira formação do grupo, além de Reco e Alencar, fizeram parte Augusto Contreiras (violão 6 cordas), Evandro Barcelos (cavaquinho) e Pinheirinho (pandeiro). “O show de estreia do Choro Livre no Teatro da Escola Parque. Seguiram-se apresentações no Teatro Galpãozinho, Sala Funarte; e posteriormente, na antiga sede do Clube do Choro, que veio a se tornar nossa casa”, conta.

Cinco títulos integram a discografia do Choro Livre. Os dois primeiros saíram pela Associação das AABBs. O primeiro, Chorando Callado, de 1989, foi resultado de aprofundada pesquisa sobre grandes autores, pioneiros do choro, como Anacleto Medeiros, Ernesto Nazareth e, claro, Antônio Callado. Aos mestres com ternura, o segundo LP, de 1991, celebrava Jacob do Bandolim e outros chorões célebres. Em ambos houve a participação de solistas, entre os quais Odette Ernest Dias, Nivaldo da Flauta, Beth e Jaime Ernest Dias.

“Buscamos, ao gravar o terceiro disco, o primeiro produzido por nós, dar maior visibilidade a compositores responsáveis pela modernização do choro, entre eles Avena de Castro, Esmeraldino Salles, Orlando Silveira e Maurício Einhorn”, diz Reco. “Quisemos com isso, deixar claro que ao mesmo tempo que preservamos o choro, estamos abertos à evolução. Hoje, vemos o choro mais como uma linguagem do que propriamente um gênero musical”, complementa.

Enquanto no quarto CD foram reunidos somente temas criados por Reco do Bandolim e Henrique Net; o quinto, lançado em 2015 teve como alvo, principalmente, no público de outros países. “Como, com alguma frequência, temos viajado para os mais diferentes continentes, buscamos dar destaques a clássicos de gêneros variados da música popular brasileira — da bossa nova ao samba, do baião ao frevo —, conhecidos no exterior”, justifica o bandolinista e líder do Choro Livre.

Reco do Bandolim e seus companheiros já foram ouvidos e aplaudidos em países da Europa, Ásia, África, Oriente Médio, América do Norte e América do Sul – da Alemanha à China, dos Emirados Árabes aos Estados Unidos, da Argentina a Cuba. “No Brasil, levamos nosso trabalho a cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e João Pessoa. Uma das nossas metas, atualmente, é chegar a outras regiões do país”, anuncia.

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