Confira a matéria do Correio Brasiliense sobre as novas revelações da música instrumental:
Nas duas últimas décadas, Brasília tem se destacado musicalmente como um grande celeiro de instrumentistas. Daqui têm saído para brilhar, no Brasil e no exterior, virtuosos guitarristas, violonistas, bandolinistas, cavaquinistas, contrabaixistas, flautistas. Alguns deles são requisitadíssimos para acompanhar as maiores estrelas da MPB. Instituições como o Departamento de Música da UnB, a Escola de Música e a Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello são fundamentais na formação desses músicos, ao lapidar o talento que possuem, levando-os a aprimorar a técnica e desenvolver carreiras vitoriosas.
Em relação ao chorinho, é a Escola Brasileira de Choro que oferece as ferramentas a quem pretende manter vivo e divulgar o legado de mestres como Pixinguinha, Garoto, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo e Pernambuco do Pandeiro. A entidade, que funciona desde 1997, tem formado solistas e proporcionado o surgimento de grupos — muitos já, há algum tempo, atuando profissionalmente.
A Escola de Choro, que já teve o bandolinista Hamilton de Holanda como coordenador, é agora dirigida pelo violonista Henrique Neto, integrante do grupo Choro Livre. “Neste ano, contamos com mais de mil alunos e 27 professores, divididos em 15 cursos”, revela. “No primeiro sábado de cada mês promovemos uma grande roda de choro, ao ar livre, que funciona como prática de conjunto. No encerramento da programação deste ano do Clube do Choro, de 5 a 9 de dezembro, vão se apresentar 40 grupos formados na escola”, antecipa.
Há uma novíssima geração de chorões, que já passou por esse estágio e começa a se destacar na cidade, atuando em grupos e tocando em rodas de choro — inclusive ao lado de instrumentistas mais experientes. Dela fazem parte, entre outros, Kaio Graco Arraes (violão), Fernando Rodrigues (bandolim), Matheus Donato (cavaquinho), Mikael Lopes (flauta) e Larissa Umaytá (pandeiro). Todos atribuem importância à Escola de Choro na formação que receberam.
Mikael Lopes
Flautista de 18 anos, originário de Imperatriz (MA), que chegou a Brasília em 2002, Mikael é outro representante da nova geração de chorões da capital. Atualmente, ele se divide entre a Escola de Música, onde recebe ensinamentos de Diana Mota, e a Escola Brasileira de Choro, como aluno de Sérgio Moraes. “Tive um grupo chamado Quinteto Planalto e costumo tocar como convidado do regional Bem Brasil. Com o Sérgio, aprendi a valorizar a obra de grandes flautistas, especialmente Altamiro Carrilho, de quem ele é um dos sucessores. Em dezembro, vou participar do show dos alunos da escola, no Clube do Choro”.
Larissa Umaytá
A brasiliense é ligada à percussão desde a infância. “Vem do meu pai, Antônio Jorge, que é pandeirista do grupo Luz do Samba, minha maior influência”, comenta. Na Escola de Choro, ela pertence à classe de Júnior Viegas. Embora toque pandeiro há apenas três anos, já integra o Regional 5 Estrelas e a banda da cantora Dhi Ribeiro; e, eventualmente, acompanha as também sambistas Deborah Vasconcelos e Teresa Lopes. “Bira Presidente (Fundo de Quintal), Jorginho do Pandeiro (Época de Ouro) e Marcos Suzano são os pandeiristas por quem tenho admiração”, ressalta. “Mas o Júnior Viegas também é fera”, acrescenta.
Matheus Donato
Com 16 anos, o brasiliense toca cavaquinho de cinco cordas e é, há dois anos, aluno de Márcio Marinho (cavaquinista do Choro Livre) na Escola de Choro, mas o primeiro professor foi Wiliam Ribeiro. “Decidi tocar choro depois de assistir a um show do Hamilton de Holanda. Sou solista do Regional 5 Estrelas e tenho participado de rodas de choro ao lado de Thiago Tunes e Kaio Graco. Matheus vê Waldir Azevedo como um mestre, “até porque ele foi o primeiro solista de cavaquinho. Já compus uma música e vou continuar estudando para me aprimorar nesta área”, conta.
Fernando Rodrigues
Aos 18 anos, o bandolinista nascido em Tocantins e residente há cinco anos em Brasília ainda estuda na Escola Brasileira de Choro. Lá, teve como mestres, inicialmente, Dudu Maia, e, depois, Marcelo Maia e Rafael Bandolim. Ele tem participado de rodas de choro diversas, entre as quais a do Café La Ursa, anexo do Teatro da Caixa. “Já toquei com Hamilton de Holanda, em show pelo projeto Bandolim Solidário. Minhas maiores influências, além do próprio Hamilton, são Jacob do Bandolim e Armandinho Macedo”, afirma Fernando, que recebe aulas, também, na Escola de Música, e prepara-se para prestar vestibular para o Departamento de Música da UnB.
Kaio Graco Arraes
Piauiense de 23 anos e morador em Brasília desde a infância, o violonista começou a dedicar-se ao instrumento na adolescência, quando se matriculou na Escola Brasileira de Choro. “Meu primeiro professor foi Raphael dos Anjos (que hoje toca na banda de Arlindo Cruz, da qual é arranjador). Depois, com Fernando César e Henrique Neto. Paralelamente, estudo violão flamenco na Escola de Música, com Bosco Oliveira”, conta. Em 2014, ele foi aprovado no vestibular para o Departamento de Música da UnB. Kaio toca em três grupos: Época de Hoje, Regional 5 Estrelas (choro) e Matita Perê (samba). “Raphael Rabello é minha principal referência”, diz.