O projeto RIDE, que promove a aproximação de jovens estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal e do Entorno com o Clube do Choro, foi tema de uma reportagem no caderno Diversão & Arte, com chamada na capa do Correio Braziliense.
Confira abaixo na íntegra:
O CHORO CHEGA AO COLÉGIO
Convênio entre a Secretaria de Educação do DF e a Escola de Choro Raphael Rabello permite a introdução do gênero na rede pública de ensino e no Entorno.
Há três anos, o Clube do Choro de Brasília apresentou ao Iphan proposta de tombamento do choro como patrimônio imaterial do povo brasileiro. Algumas das exigências do órgão, ligado ao Ministério da Cultura, para que a concessão seja efetivada vêm sendo cumpridas pela instituição brasiliense — com quase 40 anos de existência.
Desde a 1997, a entidade desenvolve, de forma ininterrupta, entre a segunda quinzena de março e a primeira de dezembro, projetos que homenageiam consagrados compositores brasileiros. Um ano depois, inaugurou a Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, que se tornou referência em todo o país e tem revelado incontáveis instrumentistas, Alguns deles, hoje, brilham nacional e internacionalmente.
“A Escola de Choro, desde abril, é responsável por outra ação, que visa disseminar o gosto por esse importante gênero musical, genuinamente brasileiro, ao promover a aproximação de jovens estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal e do Entorno com o Clube do Choro”, explica Henrique Santos Filho, o Reco do Bandolim, presidente do Clube do Choro. Hoje, novo encontro vai ocorrer, das 10h às 11h.
Quem intermediou essa interação entre o Clube do Choro e a Secretaria de Educação foi a arte educadora Maria Duarte. Ela esteve no primeiro encontro, ocorrido há dois meses, no Espaço Cultural do Choro e destacou. “Naquele dia, pude perceber o grande interesse que o chorinho despertou naqueles mais de 300 estudantes da 4ª a 6ª séries, matriculados em escolas de São Sebastião, Cristalina, Luziânia e Valparaís.”
No primeiro encontro, os estudantes foram recepcionados por Henrique Santos Neto, violonista e coordenador da Escola de Choro, que estava acompanhado por Jesuway Leão, professor de teoria musical, harmonia e musicalização infantil. “Naquele encontro, o expressivo grupo de estudantes de escolas públicas teve o primeiro contato não apenas com o choro, como também com uma casa de espetáculos, no caso o Espaço Cultural do Choro”, lembra Henriqunho, como é chamado pelos amigos.
História
Aqui, eles ouviram regionais formados por alunos da Escola de Choro tocarem clássicos do gênero. Em seguida, intermediando a apresentação dos grupos, levei a eles um pouco da história do choro, ilustrada pela projeção de vídeos dos mestres Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo”, conta o coordenador.
Segundo ele, na sequência, ao ter nas mãos instrumentos básicos do gênero — violão, bandolim, cavaquinho e pandeiro —, houve os que tentaram tirar um som, demonstrado alguma noção de ritmo. “Alguns demonstraram aptidão para música, que pode vir a ser explorada futuramente. Ficamos contentes por despertar nesses jovens essa possibilidade.”
Lidar com estudantes na faixa etária dos 6 aos 9 anos não chega a ser uma experiência nova para Jesuway Leão. Os alunos de sua classe de musicalização infantil na Escola de Choro têm idade semelhante e participam das aulas de forma lúdica. Foi mais ou menos isso que o professor buscou passar para os visitantes.
“Tomei parte no primeiro e no segundo encontros com os estudantes das escolas públicas. Inicialmente, os levei a conhecer as salas de aula da nossa escola e passar informações básicas sobre o funcionamento do curso. Vi grande curiosidade da parte de todos, também, na apresentação dos grupos, no palco do Espaço Cultural do Choro”, ressaltou Jesuway.
O professor vê importância inestimável na parceria entre o Clube do Choro e a Secretaria de Educação. “Há necessidade urgente de esses jovens ter acesso à autêntica cultura popular do país, nesse caso representada pelo choro, estilo que é a gênese da música popular brasileira. Os jovens estudantes precisam experimentar a sensação de acolhimento e pertencimento, em relação esse bem imaterial.”
De acordo com Wagner Santana, da área de Educação Básica, de Secretaria de Educação do Governo de Brasília, promover ida dos estudantes de escolas públicas ao Clube do Choro integra a política de educação patrimonial do órgão. O acesso inicial é de alunos de escolas da regional de São Sebastião e dos que fazem parte da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE). Entendemos que despertar o interesse desses jovens pela música popular brasileira contribui para o resgate da identidade cultural deles.”
JOVENS TALENTOS
Quem recepciona os estudantes das escolas públicas hoje é o Chorando Baixinho, grupo formado há um ano pelos adolescentes Arthur Rodrigues (violão), Victor Eduardo (cavaquinho) e Luis Fernando (bandolim), todos alunos da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello. “Nós três já tocávamos, mas decidimos entrar para a Escola de Choro, buscando o aprimoramento.As aulas que temos recebido desde então, tem sido de grande valia para nós”, afirma o violonista de 15 anos.
Arthur conta que o nome dado ao trio vem de pesquisa que fizeram na internet. “Quando descobrimos que havia um choro do Ernesto Nazareth intitulado Chorando Baixinho, o escolhemos para nominar nosso grupo.” Eles e seus companheiros já têm no repertório que costumam tocar 35 choros, com a assinatura dos mestres Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Hamilton de Holanda e, claro, Nazareth.
O jovem instrumentista diz que fazer essa apresentação para os estudantes da rede pública — alguns da mesma faixa etária deles – será uma experiência nova e interessante. “Estaremos levando a jovens como nós um pouco do nosso conhecimento sobre a cultura musical brasileira, que o choro representa tão bem, como gênero mais tradicional.”