O Correio Braziliense de quarta-feira (11/01) destaca o papel transformador da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello – ICEM no cenário musical brasileiro. A instituição, ligada ao Clube do Choro de Brasília, atua há 18 anos formando uma geração de instrumentistas que fazem sucesso no Brasil e no exterior. Além da formação de músicos, o papel de preservar a cultura brasileira faz parte do propósito da instituição, conforme afirma Henrique Neto, coordenador da Escola: “Na escola, buscamos preservar o gênero seminal da MPB que expressa de forma mais rica e autêntica a música instrumental brasileira. Na prática, formamos músicos para manter vivo e divulgar o legado de mestres como Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo, por meio de aulas teóricas, de instrumentos e práticas de conjunto, além de oficinas ministradas por alguns dos maiores instrumentistas brasileiros”
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Um dos músicos mais requisitados na cena do samba carioca, Rafael dos Anjos é arranjador e diretor musical do grupo que acompanha o cantor e compositor Arlindo Cruz. Esse violonista brasiliense deu os primeiros passos na profissão como aluno da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, da qual, mais tarde, viria a ser professor.
Rafael é um dos muitos exemplos de instrumentistas, que hoje se destacam nacional e internacionalmente, cuja trajetória teve início na instituição ligada ao Clube do Choro de Brasília. Criada há 18 anos, desde então tem contribuído decisivamente na formação de incontáveis alunos, que hoje atuam em conjuntos brasilienses –ou mesmo de fora da cidade – ou optaram por carreira solo.
Em 2016, a Escola de Choro contou com 1.200 alunos, que se matricularam em 16 cursos, para aprenderem a tocar instrumentos diversos – os mais concorridos foram os de violão, cavaquinho e percussão. Mas houve os que receberam aulas de musicalização infantil, prática de conjunto, história do choro e cultura brasileira.
As aulas em 2017 tem início no dia 6 de fevereiro. As matrículas para iniciantes já se encerraram e houve o registro de 340 novos alunos. Em relação aos iniciados, já foram feitas 900 confirmações, sendo que as inscrições continuam abertas até o dia 30 próximo. “Reservamos 20% das matrículas para bolsistas, selecionados entre pessoas de menor poder aquisitivo”, informa Henrique Santos Neto, Baicharel em música pela Universidade e Brasília, violonista do grupo Choro Livre e coordenador da Escola de Música.
O valor da mensalidade é de R$ 142 e nesse período cada aluno recebe 11 aulas. “No primeiro sábado de cada mês, a partir das 10h, todos participam de uma grande roda de choro. “Já em dezembro, na última semana de funcionamento do Clube do Choro, vários grupos são formados, para apresentação no Espaço Cultural do Choro”, destaca Henrique.
Gênero seminal
“Na escola, buscamos preservar o gênero seminal da MPB que expressa de forma mais rica e autêntica a música instrumental brasileira. Na prática, formamos músicos para manter vivo e divulgar o legado de mestres como Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo, por meio de aulas teóricas, de instrumentos e práticas de conjunto, além de oficinas ministradas por alguns dos maiores instrumentistas brasileiros”, explica o coordenador.
Foi ele, com o auxílio de Dudu Maia, ex-aluno e ex-professor de bandolim da Escola Brasileira de Choro, quem elaborou o manual do choro, inspirado na obra de genias compositores, entre eles Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Radamés Gnattali, Garoto e Ary Barroso. “Nos debruçamos em partituras e analisamos os caminhos escolhidos por esses pilares da música brasileira, percebendo semelhanças nas soluções encontradas”, relata Henrique.
A partir desse estudo, surgiu a metodologia de ensino, exclusiva da Escola de Choro, que trabalha desde a teoria até a prática, para promover a formação de jovens e adultos, que queiram se tornar aptos para o exercício da profissão de músico. Com lançamento marcado para abril, o manual passa a ser utilizado a partir do segundo semestre.
Talentos da nova geração brasiliense
O Chorando Baixinho, é, entre os novos grupos surgidos no âmbito da Escola Brasileira de Choro, o de maior destaque. Formado por Luis Fernando (bandolim), Arthur Rodrigues (violão) e Victor Cortez (cavaquinho). São jovens bolsistas, na faixa etária entre 14 e 16 anos, que foram muito elogiados na apresentação que fizeram em dezembro, no Espaço Cultural do Choro.
Quem teve a ideia de formar o trio foi Luis Fernando, bandolinista de 16 anos, que toca o instrumento desde a infância. Ele tem como referências Reco do Bandolim, Hamilton de Holanda, Armandinho Macedo, Dudu Maia e seu professor Felipe Nunes. “Além de choro, gosto de tocar outros estilos musicais como baião e bossa nova”.
Arthur Rodrigues, de 14 anos, o mais novo integrante do grupo, começou a tocar violão aos 9 anos, em rodas de samba no Cruzeiro Novo.inicialmente!, tocava violão de seis cordas, mas em seguida me apaixonei pelo violão de sete cordas”, conta. Seus ídolos são Alencar 7 Cordas, Fernando César, Yamandu Costa e Henrique Neto, de quem recebe aulas na escola.
O cavaquinista Victor Cortez, de 15 anos, participou de vários grupos, mas se firmou no Chorando Baixinho. Em sua formação, ele foi influenciado por Evandro Barcellos, Léo Benon e Canhotinho. “Meu professor na Escola de Choro é o Márcio Marinho, a quem considero um cavaquinista virtuoso”.